O Canto dos Malacates

Mineiro, que te dói a alma,

Suspiras por um amanhã diferente.

No ventre escuro da terra funda,

Cavas o chão, soturno e dolente.


As pedras brilham sob os lampiões,

Ouro falso em sombras de dor.

Mas nem o brilho que a mina engana

Te alivia o frio suor.


Dói-me ver-te assim curvado,

Sobre a picareta fria,

Num vai e vem que fere a rocha,

Que rasga o dia a dia.


E ao contar os magros vinténs,

Sentes na pedra o teu destino:

Cada pancada arranca a alma,

Cada golpe rouba a calma.


A terra engole os teus passos,

Os teus sonhos, a tua voz.

No ribombo da mina esquecida,

Só ecoa o que restou de vós.  



Comentários

Mensagens populares