Um dia de nevoeiro

Que farei eu? Não vejo um palmo à frente do nariz. Preciso de sair, de descobrir o que há para além desta nuvem branca e densa que me envolve. É água—e a água nutre, mata a sede, faz as plantas crescerem.

Gosto destes dias em que nada se vê. Não é preciso ver, mas sentir. Sentir a aragem fresca, a humidade que se cola aos cabelos. Não vejo nada, nem ninguém. É como se vivesse num mundo a meio, sem cores, apenas branco. E o branco é pureza. O nevoeiro é puro, como um manto de ternura que afaga, acarinha.

Deixo-me estar assim, apenas a sentir, a respirar nevoeiro. Que bom!

"Nevoeiro" faz-me lembrar a "neve", e a neve é a paisagem que mais aprecio, onde me sinto bem. Vivo com o calor, com o sol, mas o que queria era viver com o frio e a neve. Vivo lá em pensamento—transporto-me diariamente para o topo da montanha e, com os pés bem assentes na maciez da neve, olho o horizonte e enalteço-me.

O mundo é bonito, e eu vivo nele.






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