O CANDEEIRO E O ECRÃ
Encontrei na internet esta imagem (não tinha referência ao autor) que me impressionou pelo contraste simbólico entre duas fontes de luz: a do candeeiro e a do telemóvel.
É curioso como a luz do candeeiro, que naturalmente deveria incidir sobre o jovem, se desvia e recai intensamente sobre o homem mais velho, concentrado na leitura de um livro.
O fundo escuro e as roupas em tons terrosos conferem sobriedade e intemporalidade à cena. O olhar do rapaz, fixo no candeeiro, parece exprimir perplexidade, como se tentasse compreender por que razão aquela luz não o alcança.
A luz que vem de cima envolve totalmente o leitor, sugerindo que a leitura tradicional ilumina, aquece e nutre o espírito. O homem está literalmente imerso nessa luz, quase como se dela retirasse alimento ou sabedoria.
Já o jovem, por contraste, é iluminado apenas pela ténue luz do ecrã que segura. Essa luz é fria, limitada, não o envolve nem aquece. Não emana de uma fonte externa, mas de um dispositivo que isola e concentra.
A imagem estabelece assim um contraste eloquente entre duas formas de contacto com o conhecimento e o mundo:
• A leitura do livro como experiência profunda, iluminadora e transformadora, associada ao tempo, à sabedoria e à interioridade.
• O uso da tecnologia como uma forma rápida e fragmentada de acesso à informação, que toca a superfície, mas não penetra em profundidade.
Enquanto a leitura aquece a alma, a tecnologia apenas a roça.
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